segunda-feira, 15 de junho de 2015

A importância da base

   Basta olharmos para as construções mais persistentes do passado para percebermos a importância de uma base sólida. Sem ela, não é possível subir aos céus e permanecer lá. E no Karate, passasse o mesmo. Podemos acumular técnicas e pensar que estamos a crescer rápido, mas ainda que isso seja verdade, o mais provável é estarmos a acumular erros também, e serão esses que, mais tarde ou mais cedo, nos farão ruir. A construção de um Karateca deve ser lenta e progressiva, com um regresso constante às bases: lavar o chão, treinar zenkutsu-dachi, kokutsu-dachi, as defesas básicas e, mais internamente, a humildade, o ego, o orgulho.
   Chamam-se básicas não por serem fáceis, mas porque é sobre elas que assenta tudo o resto. 



quinta-feira, 4 de junho de 2015

Mente acima da técnica.

   O adversário ataca e nós lançamos a mão para o receber, mas, por não termos saído cedo o suficiente, somos atingidos no braço ― um fracasso.  No instante seguinte, damos por nós a procurar falhas técnicas e como as vamos corrigir. Somos atingidos novamente e ficamos tão presos na técnica que nos esquecemos do essencial:

5. A mente acima da técnica.
一、技術より心術
Hitotsu, gijitsu yori shinjitsu

   Assim disse Gishin Funakoshi num dos seus ensinamentos.

   No kihon podemos repetir o mesmo movimento milhares de vezes, mas se no kumite não tivermos uma mente forte que nos empurre o corpo para a frente e nos impeça de vacilar, o mais certo é o combate estar perdido à partida.

   E como é fácil sabotarmos a nossa mente...

   Durante toda a vida, somos incentivados a classificar e a julgar; se está certo, então é bom, se está errado, é um falhanço. E os falhanços são tempo perdido pois apenas o sucesso importa. O problema que advém desta forma de pensar é que, se estamos a defender um ataque e algo corre mal logo no início, rapidamente classificamos toda a defesa como um falhanço, e esse estado mental quebra-nos a concentração e sabota não só o resto da defesa, como todo o combate.

Manter a concentração durante todas as etapas da acção pois, se nos desconcentrarmos, alguém sofrerá com isso.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Corrente de antepassados

   Devemos caminhar com os olhos postos no futuro, é por isso que eles estão apontados para a frente, mas há instantes na nossa vida onde é importante olharmos para trás. A ligação com os antepassados é fundamental para podermos avançar firmemente. Sem ela, andamos a voar nas alturas sem nunca termos onde poisar. As nossas raízes, a nossa família, a nossa casa. É aí que pertencemos e, ainda que no coração tenhamos um sentimento mais global, nunca nos devemos esquecer de onde viemos.


   Nos dojos, costumamos encontrar fotografias dos mestres. Se puderem, tentem percorrer o caminho que vos une até eles e, se conseguirem, vão ainda mais além, e procurem os mestres dos vossos mestres. É reconfortante e emocionante pensar que praticamos o legado que eles nos deixaram e que, um dia, poderemos transmitir esse mesmo legado aos que nos substituirão.